Debate sobre cães nas praias de Florianópolis ganha força com vídeo de prefeito: ‘Pode ou não?’

Com a proximidade do verão em Florianópolis, o debate sobre levar cães nas praias voltou a ganhar força nos últimos dias. No último domingo (29), o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PL), publicou um vídeo em suas redes sociais onde questiona os seguidores se os pets devem ter espaço delimitado nas praias da capital.

Debate sobre presença de cães nas praias volta a ganhar força com chegada do verão

Projeto que cria áreas para cães nas praias da capital foi citado em vídeo do prefeito Topázio Neto e reacendeu debate – Foto: Flávio Tin/ND

Apesar de ser amplamente discutido em Florianópolis, ainda não há explicação sobre como seriam projetados esses espaços pet friendly nas praias da capital ou quais praias seriam contempladas com as áreas reservadas para animais domésticos.

Em abril deste ano, a vereadora Cristina Fernandes (Podemos) criou uma Lei Complementar que permitiria cães vacinados, com chips e acompanhados dos tutores de frequentar as praias. Com isso, a responsabilidade desses animais nas praias seriam dos tutores.

CRMV/SC alerta para inúmeros riscos de animais em praias, tanto para cães, quanto para humanos

Cães nas praias correm risco de adquirir doenças como câncer de pele e na visão, além de ficar desidratados, alerta Conselho Regional de Medicina Veterinária – Foto: LEO MUNHOZ/ND

Desde 2001, é proibido levar animais para as praias em Florianópolis. Segundo a Lei 094/01, Art. 8º, “é expressamente proibida a presença de cachorros, gatos ou outros animais em praias a qualquer título”.

A Prefeitura Municipal de Florianópolis afirmou ao portal ND Mais que “não há nada definido” sobre a criação dos espaços exclusivos para pets em praias da capital. A instituição afirmou ainda que “segue a legislação vigente”, reafirmando a proibição dos animais nas praias.

Conselho Regional de Medicina Veterinária aponta riscos para cães nas praias

Conforme o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina, a questão é sanitária, visto que dejetos contaminados de alguns animais podem transmitir doenças a humanos e para outros pets. A exposição de cães nas praias trazem os seguintes riscos:

  • Exposição excessiva ao sol em animais de pele clara, por exemplo, favorece ao surgimento de tumores de pele tanto em cães quanto em gatos, sendo que algumas raças são mais predispostas;
  • Queimadura de focinhos e patas;
  • Afogamento (assim como as crianças, muitos cães se afogam sem a devida supervisão);
  • Aumento excessivo da temperatura corporal, podendo levar à insolação ou intermação;
  • Para animais com doenças alérgicas, a exposição ao ambiente da praia também pode trazer sérios transtornos;
  • Micoses, sarnas, pulgas e carrapatos;
  • Otites em razão da umidade, principalmente em cães de orelha pendular;
  • Problemas oftalmológicos em razão do vento que leva areia na altura dos olhos dos animais;
  • Viroses, principalmente em filhotes sem o esquema completo de vacinação;
  • Intoxicação e/ou gastroenterite em razão de ingestão de água salgada ou alimentos inadequados.

Já em seres humanos, os riscos mais comuns, de acordo com CRMV/SC são:

  • O problema mais comum é o bicho geográfico (larva migrans), transmitido devido ao contato na areia com fezes de cães contaminados pelo Ancylostoma (um verme canino). Esta larva caminha sob a pele, causando lesões e coceira;
  • Mordidas causadas por animais com comportamento agressivo ou alterado pelo ambiente;
  • Parasitoses intestinais como a Giardíase e a Isosporose também podem ser transmitidas por meio das fezes infectadas dos pets, provocando sintomas como dores abdominais, gases, vômitos, diarreia e perda de apetite;
  • Micoses, sarnas e doenças transmitidas por carrapatos.
Proposta permite cães vacinados, com chip e acompanhados de tutores em praia

Proposta da vereadora Cristina Fernandes (Podemos) permitiria cães vacinados e com chip em praias – Foto: Flavio Tin/ND

Dibea alerta para animais em condições de rua nas praias

Fabrícia Costa, diretora do Dibea (Diretoria de Bem-Estar Animal), destaca que as situações precisam ser avaliadas. “O animal que vai com o tutor acompanhado precisa estar devidamente vacinado, o tutor deve saber se o animal é sociável ou não”, explica.

A diretora do Dibea alerta ainda que a questão dos cães nas praias vai muito além de tutores que levam os pets para passear. “A preocupação não é só do animal que vai acompanhado do tutor, mas dos animais semi domiciliados, aqueles em situação de rua, ou aqueles que têm acesso à rua”, reforça.

Além de alertar os riscos de transmissão de doenças de animais de rua aos que não saem do ambiente doméstico, Fabrícia destaca que não há interesse do Estado em alterar a legislação sobre a presença de animais nas praias. Ela reforça que o Governo do Estado implementou um programa de controle populacional para animais de rua.

“O que o Estado está fazendo é um grande programa de castração onde será passado recursos para as cidades, principalmente para aqueles que não têm nenhum programa de políticas públicas de bem-estar animal, para que as cidades possam fazer o controle populacional dos animais e que não tenham animais de rua”, finaliza.

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