Caso Labellamafia: ex-representante comercial diz que antigo dono quer fugir ‘da culpa’

O caso da demissão em massa na fábrica da grife Labellamafia ganhou uma nova repercussão. Dessa vez, o ex-representante comercial da marca catarinense afirma que a empresa dele também é uma das afetadas. A dívida total chega a quase R$ 50 milhões.

Fotomontagem com duas fotos. À esquerda uma mulher em pé de cabeça baixa usando boné na cor areia e macacão esportivo marrom. À direita duas mulheres, uma negra e outra branca, usam roupas esportivas na cor azul escuro. peças são da grife Labellamafia de SC

Marca já chegou a produzir 100 mil peças por dia – Foto: Instagram @labellamafia/Reprodução/ND

Labellamafia enfrenta processo de recuperação judicial

Ao ND Mais, o ex-representante comercial da marca Labellamafia, que pediu para não ser identificado, explicou que a empresa dele consta como credora no processo de recuperação judicial da grife.

O processo de recuperação judicial é um meio legal utilizado para reorganizar empresas com problemas financeiros e evitar a falência. Para que o plano seja aceito, é necessária a aprovação de todos os credores.

Existem diferentes tipos de credores na recuperação judicial, de acordo com a Lei 11.101/2005:

  • De créditos trabalhistas (classe 1)
  • De créditos com garantia real (classe 2)
  • De créditos quirografários (classe 3)
  • De créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte (classe 4)

Segundo o documento de recuperação judicial da Labellamafia, a empresa deve R$ 43.875.230,73 somente a credores de classe 3 e R$ 5.598.961,33 a credores de classe 4.

O total da dívida soma R$ 49.474.192,06, sem contar os valores relacionados às rescisões dos funcionários demitidos.

Relação difícil

O profissional, que trabalha com gestão de marcas de moda, diz que prestou serviços por seis anos para a Labellamafia e que viveu uma “jornada difícil” com o fundador e estilista Giulliano Puga.

“Pegamos a marca quando ela tinha um cliente ativo e entregamos com 80, quase 100 clientes que compravam coleções. O próprio Giulliano fazia algumas atrocidades até comigo. Eu não tinha muita noção”, diz.

“Ele já chegou a me ligar às 5h da manhã me obrigando a ir para o escritório conversar com ele. Já fez eu pagar boleto de cliente que estava inadimplente”, relembra.

Gestão durante a pandemia da Covid-19

No período mais intenso da pandemia causada pela Covid-19, o representante comercial diz que a marca viveu um momento positivo em termos de vendas.

“Ele [Giulliano] falou: ‘ou nós vamos quebrar juntos ou todo mundo vai ganhar junto’. Fomos muito vitoriosos, vendemos muito bem naquele período. Até janeiro de 2023 tudo era normal na Labellamafia. Tinham bons profissionais, boas pessoas e todos foram saindo”.

Print de publicação em stories expondo situação de demissão na empresa Labellamafia de SC

Ex-representante comercial da marca compartilhou relato na internet e afirmou que antigo dono da Labellamafia ‘segue com sua vida de luxo’ – Foto: Reprodução/ND

“Quando nossa empresa saiu, outros representantes também saíram. De lá para cá, eles não pagaram mais ninguém, até então sempre pagavam”.

“Hoje eles devem para gente em torno de R$ 440 mil mais ou menos. Estamos como credores na recuperação judicial, processo que anda a passos lentos. Não sabemos se eles têm realmente dinheiro para pagar ou não e nem como vai ser”.

Funcionários demitidos cobram pagamento de direitos trabalhistas em frente à fábrica da marca catarinense – Vídeo: Reprodução/ND

“Agora o Giulliano quer se eximir da culpa falando que vendeu a empresa. Mas quem é o total responsável por tudo isso é ele. Tudo aconteceu na gestão dele. Ele foi a Labellamafia”, completa o ex-representante comercial da marca.

A assessoria de Giulliano Puga informou anteriormente ao ND Mais que “nenhum atraso de pagamento” de funcionários “foi registrado durante a gestão” e que “está acompanhando o caso, pois há uma grande preocupação dele com os colaboradores”.

Entenda o caso

A marca Labellamafia nasceu em Santa Catarina, quando Giulliano começou a desenhar roupas para a sócia e atleta esportiva Alice Matos. As peças criadas se espalharam pelo Brasil a partir de lojistas multimarcas e também em franquias.

A grife chegou a ter 270 pessoas trabalhando nos diferentes setores e produzia cerca de 100 mil peças por mês. Em 2019, o empresário assumiu a operação da marca integralmente.

Famosos posam com peças de grife catarinense. Gracyanne Barbosa à esquerda, Marcos Mion e dois atletas ao centro e à direita a atriz Cleo Pires

Famosos como Gracyanne Barbosa, Marcos Mion e a atriz Cleo Pires já vestiram peças da marca – Foto: Reprodução/ND

Puga teve dificuldades em dar continuidade no processo de reestruturação da Labellamafia e entrou com um processo de recuperação judicial no dia 18 de maio de 2023.

O processo de negociação para venda da marca ao grupo Blue Star Brands encerrou no início deste mês. Funcionários que trabalhavam na fábrica da marca, em Palhoça, dizem que novos donos fizeram demissão em massa.

A nova gestão é operada pela empresa que tem como principal acionista Leonardo Perugine Alvez de Barros Filho. O ND Mais não conseguiu localizar a defesa do empresário e o espaço segue aberto.

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