Potencial letal: Grande Florianópolis e Vale do Itajaí lideram apreensões de fuzis em SC

As armas de grosso calibre, majoritariamente de uso restrito e com potencial letal para quem as carrega, estiveram na mira das polícias Civil e Militar de Santa Catarina.

Nos últimos seis anos, 81 fuzis foram apreendidos no estado. Em algumas ocorrências, os agentes chegaram a localizar quatro exemplares do armamento no mesmo endereço.

Apreensões de fuzis em Santa Catarina retirou 85 armas das mãos do crime organizado em seis anos

Apreensões de fuzis em Santa Catarina retirou 85 armas das mãos do crime organizado em seis anos – Foto: Polícia Civil/Divulgação

Um fuzil apreendido por mês

O levantamento obtido com exclusividade pelo portal ND Mais, através da LAI (Lei de Acesso à Informação), mostra que o maior volume de fuzis apreendidos em Santa Catarina foi localizado em cidades da Grande Florianópolis e do Vale do Itajaí.

Os dados compilados pela SSP (Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina) consideram o período entre janeiro de 2019 e março de 2024. Neste recorte, foram 53 ocorrências e 65 fuzis apreendidos.

Ao contabilizarmos o número de armas deste tipo, recolhidas durante o ano de 2018, o total chega a 81 fuzis. Naquele ano, o registro não era detalhado por região de apreensão.

Neste contexto, o montante é equivalente a um fuzil a menos nas ruas, por mês, em seis anos e três meses.

Apreensões de fuzis se concentram no Vale do Itajaí e na Grande Florianópolis

Quanto ao número de armas apreendidas durante ocorrências policiais, o quantitativo se divide entre cidades da Grande Florianópolis e do Vale do Itajaí.

No entorno da Capital, foram 17 armas apreendidas em 17 ocorrências policias. Já na região do Vale do Itajaí, também foram 17 armas apreendidas, mas em 14 ocorrências.

Tráfico de drogas e comércio ilegal de armas

Para o delegado Antônio Claudio Seixas Joca, titular da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil em Santa Catarina, esse número se deve a dois contextos: a expansão do tráfico de drogas e o aumento da comercialização de armas ilegalmente.

Fuzis apreendidos pela Polícia Civil em Florianópolis – Foto: Polícia Civil/ Divulgação

“Santa Catarina é um estado que acaba sendo rota do crime organizado. As apreensões que a nossa delegacia fez no ano passado, por exemplo, todas estão relacionadas ao tráfico de drogas”, afirma.

O crescimento desse tipo de crime, no eixo sudeste do país, também reflete em outros estados brasileiros, como é o caso de Santa Catarina. O território catarinense é utilizado como rota para o contrabando e comercialização ilegal, o que faz com que as organizações situadas em solo catarinense precisem investir mais para se proteger do avanço de outras facções, que possam tentar se apropriar de determinado espaço.

“Elas [as organizações criminosas] vêm investindo mais em arma de fogo e, na medida que isso acontece, também aumentam as apreensões. Como Santa Catarina é muito utilizado como rota do crime, algumas apreensões podem ter acontecido nesse contexto. Armamento que veio, por exemplo, do Paraguai, estava armazenado em algum lugar e seria levado pra outro estado, mas acabou sendo apreendido”, pontua o delegado.

 

Pontos sensíveis para o crime organizado

Santa Catarina possui uma localização privilegiada, mas não apenas pelas belezas naturais que Serra e Litoral exibem. A proximidade com o Rio Grande do Sul, Paraguai e Argentina é interessante para as organizações criminosas, que incluem o estado em uma espécie de “rota do crime”.

Armas compradas no Paraguai, por exemplo, são trazidas por via terrestre para Santa Catarina, onde são armazenadas até que seja possível transportá-las para o destino final. O mesmo acontece com drogas trazidas de estados próximos e demais regiões de fronteira.

“As regiões Norte e Oeste são pontos nevrálgicos onde duas facções usam o mesmo território, principalmente, por rotas de transporte para comércio ilegal de arma de fogo. Isso gera uma disputa entre elas”, entende o delegado.

Investimento é a resposta para o crime organizado

Para o coordenador da Delegacia de Combate ao Crime Organizado, as apreensões de fuzis são apenas uma parte do trabalho, que só conseguirá acabar de vez com a atuação desses grupos criminosos a partir do investimento maciço em inteligência e capacitação de policiais.

Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública atribuiu os números ao “trabalho de excelência prestado pelas forças de Segurança de Santa Catarina”.

“As apreensões são decorrentes do trabalho de excelência prestado pelas forças de Segurança de Santa Catarina em ações, por exemplo, de inteligência e operacionais que demonstram a integração entre as corporações. Ressalta-se que nem sempre esse tipo de armamento citado permanece no Estado, que acaba sendo corredor de passagem por organizações criminosas”.

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