Bullying nas escolas: como identificar e denunciar intimidações sistemáticas

O recente caso de um adolescente que esfaqueou um colega, em uma escola de Palhoça, na Grande Florianópolis, reacendeu o alerta sobre o bullying nas escolas e os prejuízos que ele causa em crianças, e adolescentes. Esse tipo de violência pode gerar consequências que perpassam os muros das instituições de ensino.

Estudante que agrediu colegas com faca, na Grande Florianópolis, alegou que era vítima de bullying

Estudante que agrediu colegas com faca, na Grande Florianópolis, alegou que era vítima de bullying – Foto: Reprodução / ND

O adolescente de 14 anos, que cometeu o ataque em Palhoça foi internado a pedido do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina). Ele alegou que a violência foi uma resposta às constantes agressões, intimidações e racismo que sofria dos colegas.

Mas, afinal, o que é bullying?

De acordo com a lei 13.185/2015, o bullying é uma “intimidação sistemática consistente, em ato de violência física ou psicológica, que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, causando dor e angústia à vítima”.

Pela lei, também é dever dos meios de comunicação de massa, escolas e  sociedade, atuar para auxiliar na identificação e conscientização do problema, promovendo a prevenção e o combate ao bullying.

Como reconhecer uma vítima de intimidações sistemáticas

A cartilha publicada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), desenvolvida pela psiquiatra Ana Beatriz Barbosa da Silva, explica que a identificação precoce do bullying é fundamental para evitar consequências graves na vida da vítima.

Por vergonha ou medo de represálias, muitas crianças e adolescentes deixam de denunciar aos pais, ou professores, o que acontece. Na escola, essas vítimas costumam passar boa parte do tempo isoladas do grupo, ou perto de adultos que transmitam segurança. Também tendem a ser mais retraídas na sala de aula e, e em casos mais sérios, apresentam hematomas, arranhões ou têm pertences danificados.

Aos responsáveis, quem sofre com as intimidações acaba se queixando de dores de cabeça, enjoo, ou outros sintomas físicos, que se intensificam próximo ao horário de ir para a escola. Mudanças frequentes de humor, explosões repentinas de irritação ou raiva e isolamento também são indícios de que algo anormal está acontecendo.

Foto ilustrativa de silhueta mostrando que as vítimas de bullying nas escolas costumam ficar mais isoladas e desinteressadas

Vítimas de bullying costumam ficar mais isoladas e desinteressadas no ambiente escolar – Foto: Istock/ Reprodução/ ND

Denunciar o bullying nas escolas é papel de todos

O CNJ orienta que Conselhos Tutelares e órgãos de proteção à criança e ao adolescente devem ser comunicados em casos de bullying nas escolas. Governos Estaduais e Municipais possuem canais específicos para o acolhimento das famílias de vítimas e agressores, para que sejam amparados psicológica e judicialmente, em casos mais severos.

Pais e estudantes em geral podem procurar professores ou diretores de escolas, independentemente de sofrerem, ou não, com as intimidações. Por se tratar de um problema que pode trazer consequências a longo prazo, como estresse, ansiedade, depressão e fobia social, é importante que toda a comunidade esteja atenta aos casos de bullying nas escolas.

Santa Catarina oferece acolhimento para estudantes e responsáveis

Em Santa Catarina, a SED (Secretaria de Estado da Educação) orienta que estudantes e responsáveis procurem o NEPRE (Núcleo de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola), disponível em todas as escolas da rede pública. Professores, coordenação pedagógica e direção da escola também são orientados sobre como proceder nesse tipo de caso.

Em todas as CREs (Coordenadorias Regionais de Educação) de Santa Catarina, há equipes de multiprofissionais, com psicólogos, assistentes sociais e servidores da educação, que estão a serviço das escolas para o atendimento a situações de violência e também no trabalho de atenção e prevenção.

Canal de denúncias junto à Polícia Civil

Após o ataque a uma creche de Blumenau, em 2023, foi aberto um canal para denúncias, exclusivamente, para casos que possam colocar em risco a escola e toda comunidade escolar. Intimidações que tenham ultrapassado os muros da escola também podem ser comunicadas na plataforma. O sigilo é garantido.

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